terça-feira, 20 de março de 2012

Próxima sessão de Cinema e Direito - dia 22 de março

Previsto para a sessão de fevereiro do Ciclo Cinema e Direito, o clássico “Anatomia de um Crime” teve que ser substituído no último momento por não estar disponível na data. Mas por se tratar de um filme bastante importante para o ciclo, foi novamente programado e agora sim será exibido na próxima sessão, que acontece na quinta-feira, dia 22 de março, às 19 horas, na nova sede da Subseção.

No filme, dirigido por Otto Preminger, o tenente Frederick Manion (Ben Gazzara) é preso, acusado de matar o homem que violentou sua esposa Laura (Lee Remick). O encarregado da defesa é o advogado Paul Biegler (James Stewart), que enfrentará o promotor interpretado por George C. Scott.

Abaixo, a crítica do jornalista Carlos Eduardo Lourenço Jorge, curador da próxima sessão:

"O austríaco Preminger, radicado em Hollywood, consegue atrair a atenção do espectador antes ainda da movimentação inicial dos protagonistas, graças à trilha musical magnífica interpretada pelo lendário Duke Ellington fazendo fundo para a apresentação dos créditos, com imagens do que parece ser um boneco de papel recortado, representando o assassinato do título.

O filme se detém especialmente no julgamento, pelo tribunal do júri, do militar suspeito de ter assassinato o homem que abusou sexualmente de sua mulher – a bela e insinuante Laura, metida numa blusa que poderá explodir de sugestões a qualquer momento. Todo o elenco está impecável.

O filme obteve sete nominações ao Oscar, mas não levou nenhum porque foi injustamente atropelado pelas bigas de Ben-Hur, na época. O roteiro, também indicado ao prêmio, foi adaptado da novela de Robert Traver.

Há uma extraordinária ambiguidade nesta narrativa, que chega ao espectador sem pressa, num calculado crescente, naturalmente ditado pelo ritmo investigativo da direção.

Ninguém parece dizer a verdade no tribunal. A começar pela alegre e jovial vitima (?) do abuso, uma Laura construída com requintes de dubiedade pela grande Lee Remick, uma das atrizes que Hollywood jamais valorizou como deveria. Há o personagem do barman amigo do morto, e o indecifrável réu, ótimo momento do recém-falecido Ben Gazzara.

O diretor Preminger se limita a expor o julgamento, mas uma exposição visual milimetricamente planificada, com imagens estudadas e construídas para obter o maior empenho dramatúrgico possível. Qualquer outro cineasta teria caído na tentação de utilizar o sempre didático e explicativo flashback para acompanhar as declarações das testemunhas. Aqui o recurso não está presente, o que amplia as possibilidades de envolvimento maior do espectador para, ele mesmo, converter-se numa espécie de testemunha de todo o painel do crime, de posse de absoluta liberdade para decidir.

Recomenda-se não perder qualquer detalhe do filme, tanto na sala do júri quanto fora dela. Olhares, gestos e atitudes, inclusive dos personagens secundários – a secretária do advogado, o amigo bêbado, o juiz –, tudo enriquece a trama de tal forma que temos no conjunto uma obra-prima do cinema de gênero". (CELJ)

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